Economia


1. Caracterização da Disciplina
A componente científica é constituída, em cada curso profissional, por duas ou três disciplinas que proporcionam uma formação científica de base que corresponde, simultaneamente, às exigências de um nível secundário de educação e de uma qualificação profissional de nível 3.

A disciplina de Economia integra esta componente em cursos de várias famílias profissionais, com uma carga horária total de 200 horas.
O estudo da Economia permite a aquisição de instrumentos fundamentais, quer para entender a dimensão económica da realidade social, quer para descodificar a terminologia económica, hoje tão utilizada na linguagem corrente, em especial, nos meios de comunicação social. Favorece ainda um melhor conhecimento e compreensão das sociedades contemporâneas, cada vez mais globais e em mudança acelerada, podendo assim contribuir para a formação do cidadão, educando para a cidadania, para a mudança e para o desenvolvimento.

A disciplina de Economia permite que os alunos desenvolvam conhecimentos, capacidades e atitudes que lhes facilitem a aprendizagem de competências-base associadas às qualificações visadas pelos respetivos cursos. De facto, num curso profissional revela-se muito importante a dimensão instrumental da Economia, para a compreensão dos contextos de trabalho dos futuros técnicos.

Assim, a disciplina de Economia deverá transmitir um conjunto de saberes humanísticos, científicos e técnicos no sentido de desenvolver as competências vocacionais dos alunos orientadas quer para uma efectiva inserção no mundo do trabalho, quer para o exercício responsável de uma cidadania ativa.

Deste modo, consideraram-se finalidades da disciplina:
- proporcionar o conhecimento de conceitos básicos da ciência económica;
- promover a compreensão dos factos de natureza económica, integrando-os no seu contexto mais amplo;
- contribuir para a compreensão dos grandes problemas do mundo atual;
- desenvolver o espírito crítico e a capacidade de resolver problemas;
- contribuir para melhorar o domínio escrito e oral da língua portuguesa;
- desenvolver técnicas de trabalho no domínio da pesquisa, do tratamento e apresentação da informação;
- promover a utilização das tecnologias da informação e comunicação (TIC);
- desenvolver a capacidade de trabalho individual e em grupo;
- fomentar a interiorização de valores de tolerância, solidariedade e cooperação;
- promover a educação para a cidadania, para a mudança e para o desenvolvimento.

2. Visão Geral do Programa
Os conteúdos programáticos da disciplina de Economia foram selecionados a partir das finalidades definidas, tendo em atenção o público a que se destinam e os meios e recursos disponíveis.
Na escolha dos temas e nas propostas de abordagem prevaleceu a sua relevância científica, bem como a sua atualidade e importância no funcionamento da atividade económica das sociedades contemporâneas e, em particular, da sociedade portuguesa.

A aplicação dos conceitos e instrumentos de análise económica será efetuada à medida que os conteúdos forem lecionados, através da realização de pequenos trabalhos individuais e de grupo e no trabalho de projeto, incidindo fundamentalmente sobre a realidade económica portuguesa actual no contexto da União Europeia (UE).

No estudo da realidade portuguesa e europeia dever-se-á privilegiar a perspectiva profissional e empresarial, dada a forte ligação ao mercado de trabalho que caracteriza estes cursos.
Assim, o programa, segundo o modelo curricular dos cursos profissionais, foi estruturado em 8 módulos que correspondem às temáticas que a seguir se apresentam.

Partindo das realidades mais directamente conhecidas pelos alunos, torna-se mais fácil compreender o problema económico – necessidades ilimitadas e recursos escassos – e, consequentemente, delimitar o objeto da ciência económica (Módulo 1).

Na atividade económica existem vários intervenientes – agentes económicos, agrupados de acordo com as funções económicas desempenhadas (Famílias, Estado, Empresas e Resto do Mundo), aos quais estão associadas atividades económicas – produção, repartição e utilização dos rendimentos. Da produção, realizada em empresas que recorrem a diferentes factores produtivos (trabalho, capital e recursos naturais), resulta a criação de bens e serviços, cuja venda gera rendimentos que são distribuídos pelos intervenientes nesse processo. As famílias utilizam esses rendimentos para adquirirem os bens e serviços de que necessitam – consumo, que lhes são disponibilizados através da atividade da distribuição (Módulo 2).

Os bens e serviços produzidos são transacionados em mercados com estruturas diferentes, acontecendo o mesmo aos fatores produtivos – trabalho e capital (Módulo 3).

Mas, para comprarem os bens e serviços, os consumidores têm de pagar um preço, utilizando para tal a moeda. Contudo, os rendimentos gerados na produção não são aplicados exclusivamente no consumo, podendo uma parte ser poupada. A poupança, quando aplicada em investimento, assume um papel fundamental para a atividade económica (Módulo 4).

Apesar do mecanismo de mercado ser um elemento regulador da atividade económica, esta continua a apresentar disfuncionamentos, nomeadamente ao nível da repartição dos rendimentos, cabendo ao Estado assumir um papel regulador (Módulo 5).

Atualmente, as economias dos vários países não podem ser analisadas de uma forma isolada, pois, cada vez mais tudo circula a nível mundial – bens, serviços, pessoas e capitais (Módulo 6).

Além disso, a evolução da actividade económica não se realiza de uma forma constante, ou seja, a períodos de expansão sucedem-se períodos de crise, nem os países apresentam os mesmos ritmos de crescimento e de desenvolvimento (Módulo 7).

Finalmente, no último módulo (Módulo 8) pretende-se que sejam mobilizados conhecimentos e competências adquiridas nos módulos anteriores que possibilitem uma análise integrada da realidade económica portuguesa actual no contexto da União Europeia. Assim, os alunos deverão realizar um trabalho final, orientado de forma a permitir um enquadramento macroeconómico da realidade portuguesa actual, perspetivado em função dos setores de atividade que correspondem às famílias profissionais em que os cursos profissionais se enquadram.

3. Competências a Desenvolver
Das finalidades da disciplina, decorre um conjunto de competências que se consideram fundamentais desenvolver:
● usar os conceitos económicos para compreender aspetos relevantes da organização económica das sociedades;
● utilizar correctamente a terminologia económica;
● aplicar conceitos económicos em novos contextos;
● utilizar instrumentos económicos para interpretar a realidade económica portuguesa, da União Europeia e mundial;
● utilizar correctamente a Língua Portuguesa para comunicar;
● pesquisar informação, nomeadamente, com recurso às TIC;
● elaborar sínteses de conteúdo de documentação analisada;
● estruturar respostas com correcção formal e de conteúdo;
● utilizar técnicas de representação da realidade como esquemas-síntese, quadros de dados e gráficos;
● interpretar quadros e gráficos;
● propor projetos de trabalho, realizá-los e avaliá-los;
● apresentar comunicações orais recorrendo a suportes diversificados de apresentação da informação;
● revelar espírito crítico e hábitos de tolerância e de cooperação;
● apresentar e fundamentar os seus pontos de vista respeitando as ideias dos outros;
● demonstrar criatividade e abertura à inovação;
● realizar as tarefas de forma autónoma e responsável;
● revelar hábitos de trabalho individual e em grupo.

4. Orientações Metodológicas / Avaliação
Da caracterização da disciplina, das finalidades enunciadas e das competências a desenvolver decorre a utilização de metodologias ativas que potenciem um processo contínuo de construção e reconstrução dos saberes, por parte do aluno, transformando-se este num produtor e não num consumidor de saberes.

A lecionação deste programa supõe um processo de ensino-aprendizagem centrado no aluno, o qual deverá atender às motivações e interesses de todos os participantes (alunos/professores). Neste sentido, será importante diversificar as estratégias a utilizar, adequando-as às diferentes necessidades e interesses específicos dos alunos, bem como às qualificações associadas às saídas profissionais de cada curso.

Deste modo, será de privilegiar metodologias centradas na resolução de problemas e na transformação destes em projetos. Com efeito, a metodologia de trabalho de projeto constitui uma prática investigativa centrada na resolução de problemas que podem ter diferentes respostas, implicando o aluno em todo o processo, ao longo do qual são mobilizados conhecimentos, competências, valores e atitudes, sendo assim uma aprendizagem-acção, tão importante para o futuro profissional de qualquer cidadão.

Dever-se-á realçar que a metodologia de trabalho de projeto potencia aprendizagens significativas exigindo, por parte do professor, o reforço do seu papel enquanto dinamizador de todo o processo, em detrimento da tradicional transmissão de conhecimentos através da relação verbal e retórica.

O trabalho de grupo assume igualmente grande relevância ao permitir, para além de outros aspectos, desenvolver o espírito de solidariedade, de entreajuda, de partilha e, fundamentalmente, de responsabilidade.

É igualmente importante desenvolver nos alunos hábitos de pesquisa de informação em documentos diversificados (Internet, jornais, revistas, etc.) ou recorrendo a entrevistas e a inquéritos por questionário.
Saliente-se a importância da seleção, organização e tratamento da informação recolhida na elaboração e sistematização de conclusões escritas, que podem assumir a forma de sínteses ou de relatórios escritos.
A informação recolhida poderá ser organizada e tratada em dossiers temáticos (recortes de imprensa, fichas de textos, registos fotográficos ou em vídeo, CD-ROM, registos gravados ou escritos das entrevistas, etc.). A informação trabalhada poderá ser utilizada na produção de um jornal de turma ou, caso existam, no suplemento económico do jornal da escola ou mesmo na emissão de noticiários económicos na rádio da escola.

É na partilha de resultados que os jovens enriquecem os seus conhecimentos e se desenvolvem, ao aprenderem a aceitar as opiniões dos outros, a confrontá-las com as suas e a fundamentarem as suas opiniões. Desta forma, é importante que se criem espaços de apresentação dos resultados das pesquisas e de debates dos temas, sempre sob a coordenação e a orientação do professor.

A avaliação integrada no processo de ensino-aprendizagem possibilita uma regulação das práticas pedagógicas e das aprendizagens dos alunos:
- o professor recolhe a informação necessária para regular a aprendizagem dos alunos, selecionando da forma mais adequada as estratégias de ensino-aprendizagem, bem como as estratégias de superação de dificuldades detetadas;
- o aluno controla a sua aprendizagem, tornando-o mais consciente e responsável, ajudando-o a identificar os seus pontos fortes e fracos, construindo e reconstruindo permanentemente os seus saberes e reformulando os seus processos de trabalho.

A avaliação deverá ser realizada de forma sistemática, tendo como objectos, não só, os produtos mas, igualmente, os processos, as atitudes e comportamentos. Supõe uma permanente interacção entre professor e alunos, promovendo nestes atitudes de auto e heteroavaliação, e tendo como grande objetivo estimular a sua progressão na aprendizagem. Desta forma, a avaliação assumirá a sua dimensão formativa, enquanto fonte de reflexão contínua sobre a prática pedagógica do professor e, estímulo ao aprender a aprender, por parte do aluno.

No momento final de cada módulo, terá lugar a avaliação sumativa que traduz o grau de consecução das aprendizagens efectuadas e possibilita a sua publicitação junto de todos os intervenientes.

A construção do processo de avaliação implicará, então, o envolvimento de professor e alunos, devendo o professor:
- apresentar e discutir, no início de cada módulo, a metodologia de trabalho a adoptar, bem como negociar os produtos e parâmetros de avaliação, no quadro dos critérios de avaliação definidos pela escola;
- utilizar instrumentos de avaliação diversificados e adequados aos objectos de aprendizagem– registos de atitudes e de comportamentos, grelhas específicas de observação/análise de actividades (trabalho individual e em grupo), relativas, por exemplo, a relatórios de atividades ou de visitas de estudo, a testes escritos, à organização de portefólios, de jornais de turma, de dossiers temáticos, de exposições, e à apresentação oral ou escrita de trabalhos, bem como à participação em debates;
- implementar uma avaliação interativa que, incidindo sobretudo nos processos, permita reajustamentos no ensino-aprendizagem e valorize, desta forma, as dimensões diagnóstica e formativa da avaliação.

Partindo da convição de que o processo de aprendizagem deve centrar-se no aluno, o envolvimento deste no processo de avaliação da sua aprendizagem é uma condição indispensável, constituindo o portefólio um dos meios privilegiados de responsabilização e de tomada de consciência por parte do aluno do seu percurso escolar, valorizando não só o que aprende (os produtos), mas também como aprende (os processos).

O portefólio não deve corresponder a uma mera compilação de trabalhos realizados pelo aluno, mas sim refletir o percurso efetuado por este, a sua evolução ao longo do processo, devendo a sua construção ser objeto de uma negociação entre o professor e os alunos. Assim, de entre outros, poderão fazer parte do portefólio elementos como:
- relatórios elaborados pelos alunos;
- trabalhos escritos;
- testes;
- fichas de leitura de artigos de jornais e revistas de economia, de livros de autor, etc.
- tratamento de dados recolhidos através de entrevistas ou de inquéritos por questionário;
- artigos escritos pelos alunos para o jornal da escola ou da turma;
- fichas de auto e heteroavaliação.

O portefólio deverá ser objecto de avaliação, negociados previamente os critérios e os momentos da sua avaliação, devendo o professor utilizar instrumentos de registo diversificados (questionários, grelhas de observação, de avaliação e de auto-avaliação) que permitam verificar, não só o produto elaborado pelo aluno, mas também a forma como o elaborou.

5. Elenco Modular

Número
Designação
Duração de referência
(horas)
1
A Economia e o Problema Económico
18
2
Agentes Económicos e Atividades Económicas
33
3
Mercados de Bens e Serviços e de Fatores Produtivos
24
4
Moeda e Financiamento da Atividade Económica
24
5
O Estado e a Atividade Económica
24
6
A Interdependência das Economias Atuais
24
7
Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Atividade Económica
27
8
A Economia Portuguesa na Atualidade
24

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